Se eu soubesse

Ah se eu soubesse levar
A vida de uma forma mais leve
E quando perdesse um amor,
Dissesse, vá com Deus e até breve.
Ah se eu pudesse entender
O que na vida tanto me entristece,
Eu diria à Deus, nosso Senhor,
Atenda de agrado minha prece.
Eu tenho muito o que aprender,
A ser ao outro um sapato que sirva,
Que não aperte demais os seus pés,
Que não provoque doloridas feridas.
Todo amor que não transborda,
Não alimenta e também não aquece,
Faz da luz que um dia brilhou
Se apagar enquanto a alma escurece.

Natural

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É tão natural que me confundas,
É tão natural que eu te queira,
Quando em ti, minha alma se aprofunda,
eu não me vejo de outra maneira.
Eu não me enxergo em outra
Eu não me vejo sem você
Sem o som que ouço de tua boca
Sem o corpo que ouso corromper.
Eu já não me consinto
Sequer, de ti, uma recusa,
Choro, imploro e até minto
Enquanto meu querer te esmiúça.
Peço apenas que venhas
Tomar posse do que te pertence
Não ignore nem mesmo se abstenhas
Faça, não pense.
E tudo há de ser natural
O êxtase, a febre e a loucura,
Que aquele encontro casual
Findou minha eterna procura.

Um soneto

A tanto custo eu busco conquistar,
Sem recursos, sem triunfos, sempre a penar,
Com a esperança que me vejas radiante.
Por quem clama essa alma abençoada,
Que teima deixar-me em profundo estupor,
Retira minhas vestes, abala meu pudor,
Ri de minha vida já tão banalizada.
Diz em alto tom que nada sou para ti,
Que tenho que sofrer, tenho que partir,
E que eu carregue este peso na consciência.
Decerto, como sempre, obedecerei,
A você, mulher que mais amei,
Nesta vida de percalços e turbulência.