Um soneto

A tanto custo eu busco conquistar,
Sem recursos, sem triunfos, sempre a penar,
Com a esperança que me vejas radiante.
Por quem clama essa alma abençoada,
Que teima deixar-me em profundo estupor,
Retira minhas vestes, abala meu pudor,
Ri de minha vida já tão banalizada.
Diz em alto tom que nada sou para ti,
Que tenho que sofrer, tenho que partir,
E que eu carregue este peso na consciência.
Decerto, como sempre, obedecerei,
A você, mulher que mais amei,
Nesta vida de percalços e turbulência.