Moacyr Jaime Scliar nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, no dia 23 de março de 1937. Filho de judeus russos, José e Sara Scliar, que imigraram para o Brasil em 1904, passou sua infância no Bom Fim, tradicional bairro judaico de Porto Alegre.
Moacyr Scliar foi alfabetizado por sua mãe e em 1943, com seis anos, ingressou na Escola de Educação e Cultura, conhecida como Colégio Iídiche, onde sua mãe lecionava. Em 1948, foi transferido para o Colégio Marista Rosário onde concluiu o ensino médio.
Em 1955 Scliar ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Após sua formatura, em 1962, o médico iniciou sua residência na enfermaria da Santa Casa.
Paralelamente, Scliar trabalhou no Sanatório Partenon, onde se dedicou ao estudo da tuberculose, trabalho que o levou para Unidade Sanitária São José Murialdo, hospital precursor da medicina comunitária.
Em 1970, com uma bolsa de estudos da Organização dos Estados Americanos, foi a Israel para estudar a medicina comunitária do país. Posteriormente, especializou-se na área da Saúde Pública como médico sanitarista na Escola Nacional de Saúde Pública.
Scliar integrou um grupo de sanitaristas que fizeram mudanças importantes na saúde pública do Estado. Participou de campanhas para a erradicação da varíola, para o enfrentamento do sarampo e da paralisia infantil e para a implantação do dia nacional de vacinação.
Moacyr Scliar foi professor da Faculdade Católica de Medicina do Porto Alegre, atual Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. Em 1979 recebeu o título de doutor em Saúde Pública pela Fiocruz.
Em 1962, no último ano da faculdade, Moacyr Scliar publicou “Histórias de Médico em Formação, contos baseados em suas experiências como estudante, mas só em 1968 publicou “O Carnaval dos Animais”, livro que ele considerou de fato sua primeira obra.
Paralelamente à carreira de médico, Scliar escreveu também para a imprensa. Foi durante 15 anos colunista do jornal Zero Hora, onde discorria sobre medicina, literatura e fatos do cotidiano. Colaborou também com a Folha de S. Paulo onde assinava uma coluna no caderno “Cotidiano”.
Scliar foi a grande voz judaica da literatura nacional. Em seu primeiro romance (1972) “A Guerra no Bom Fim”, Scliar trata dos efeitos da Segunda Guerra Mundial sobre o bairro judaico de Porto Alegre.
Suas obras além de abordarem temas sobre a imigração judaica no Brasil, tratam também de temas como o socialismo, a vida da classe média, a medicina entre outros assuntos.
Moacyr Scliar não era religioso, mas um grande estudioso da Bíblia, como demonstrou nos livros “Os Vendilhões do Tempo” e “A Mulher que Escreveu a Bíblia”
Moacyr Scliar foi eleito no dia 31 de julho de 2003 para a cadeira n.º 31 da Academia Brasileira de Letras.
Moacyr Scliar publicou mais de setenta livros, entre eles marcos da ficção brasileira moderna como “O Centauro no Jardim”, seu livro mais conhecido.
Na obra, o autor enfoca as dificuldades de ambientação e perda gradativa das raízes e tradições do judaísmo à medida que as gerações vão se sucedendo.
Em 2002, o livro foi eleito pelo National Yiddish Book Center, nos Estados Unidos, um dos 100 melhores livros de temática judaica dos últimos 200 anos.
Moacyr Scliar foi casado com Judith, filha de imigrantes judeus, entre 1965 e 2011. Juntos tiveram um filho, Roberto, que nasceu em 1979.
Roberto, que foi grande companheiro e fotógrafo oficial de Moacyr, faleceu em fevereiro de 2020, aos 40 anos, após ter um infarto fulminante.
Moacyr Scliar faleceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, no dia 27 de fevereiro de 2011, com 73 anos, de falência múltipla dos órgãos, após sofrer um AVC.
Fonte: ebiografia.com