Piano perfeito

Harmonias desarmônicas
Um vibrato sintéctico
Que possa me guiar
Uma lembrança boa, benquista
Benfazeja
Em tempos do cólera
Um sentimento caridoso
Em tempos apoplécticos
De desesperos sem fim
***
Harmonias desarmônicas
Um mavioso vibrato ao longe
Lento e enluarado
Que possa me guiar
Em meio a trágica
Inexistência que me lançaram
Em tempos imemoriais
***
Harmonias desarmônicas
Um nevoento vibrato lento
Longo e melancólico
De uma música quase perfeita
Um negro dedilhar imaginário
Em outra dimensão
***
Harmonias desarmônicas
Um vibrato lento
Longo e dorido
Em um prelúdio
Uma dança, graciosa,
Em belo sorriso perolado
Que iluminando
A noite infinda
Que vai mudar o nosso final
***
Harmonias desarmônicas
Um vibrato lento
E longo
Entre álgidas e hialinas plumas
De cristais quebrados

O vento

Ontem mesmo o vento sussurrou teu nome

E a saudade que já era enorme
Tomou conta de meus pensamentos.
E no desencontro de nossos dias
Nas tristezas e alegrias
Eu recordei nossos melhores momentos.

Ontem mesmo a chuva lavou minha alma
Das verdades que causaram traumas
Dos enredos mais complicados
Das agruras da saudade,
Das mazelas da vaidade,
Dos corações tão despedaçados.

Ontem tudo parecia tão diferente,
Eu me via mais contente,
Em paz com os meus sentimentos
Sem ódio nem rancor,
Sem mágoas ou dissabor
Nenhum pingo de ressentimento.

Então, que nesse novo amanhecer
Tudo enfim possa acontecer
Dentro da maior tranquilidade
Com a marca da paixão,
Com alegria no coração
E com a mais profunda honestidade.

MOACIR DINIZ

Renasce o Amor

Porque fizestes renascer o amor,
Num peito já tão amargurado.
De tanto sofrer de amor,
Meu coração está magoado.
Por uma existência de lutas e fracassos,
De tanto amar estou virando trapo,
Sempre sem nunca ter sido compreendido.
A minha vida já não tem mais sentido,
Porque tu eras a minha única esperança,
Fingiste amar-me,
E eu, como criança,
Agradecido com belo presente,
Pus-me a sonhar feliz sorridente.
Mas como o sonho não é realidade,
Agora, sinto que foi tudo ilusão,
Por que brincar com um pobre coração?
Se tu sabias que irias fazê-lo sofrer.
Tu te divertes, com meu padecer,
Alegras-te com sofrimento meu?
Se for assim até ficarei feliz,
Por saber que agindo assim, tu tens felicidade,
E em troca do meu amor, tu me devolves maldade.
VIVALDO TERRES – ITAJAÍ – SC