Preciso

Preciso encontrar o tom perfeito,
O conceito sem ter preconceito,
Preciso arrefecer os meus desejos.
Quantos e tantos desejos.
Preciso controlar a situação.
Olhar-te sem segundas intenções,
Tocá-la sem demonstrar emoções,
Enveredar por caminhos sãos.
Preciso demonstrar muita sensatez,
Apesar de querer perder-me de vez,
Sempre que aprecio a tua tez,
Alva como o orvalho da manhã.
Teu sorriso ilumina meus dias,
Dias tão curtos, finitos,
Contados para terminar.
Aguardo que essa tempestade,
Que chegou fazendo alarde,
Chuva de verão num final de tarde,
Que me enlouquece, cesse, me refresque,
Não me fira a carne.
E que meus olhos,
Perdidos em tanta contemplação,
Depois de viver numa profunda escuridão,
Dias e noites de solidão,
não passe de lampejos
Tanta tentação.
E que por fim,
Sigamos nossos opostos caminhos,
Como bons e velhos amigos,
Como flores de um mesmo jardim.

Querida

Tu és aquela que num belo dia de sol,
Numa tarde de verão, estavas na praia.
Tão bela que fazias a todos pulsarem os corações.

Teus olhos azuis, teus cabelos castanhos.
Teu corpo moreno, que a todos encantava.
E eu bem feliz, porque era o jovem,
A quem tu amavas.

E agora por que, que tudo acabou?
Se ainda permaneces na minha retina.
Com esses olhos tão lindos,
Essa boca perfeita e esse corpo divino,
Que a todos fascina.

Verbos a declarar

Precisarei voltar ao passado
Desintegrar o compacto
Ensaiar antigos passos
Disfarçar golpes baixos
Completar o inacabado
Convencer-me do contrário

Encaixar no descabido
Desvendar o já sabido
Ao lixo o que está vencido
Encontrar velhos caminhos

Indagar aquela resposta
Transbordar até o copo
Bater a última porta

Pedir perdão perdoar
Um adeus acenar
Esquecer o endereço
Fingir um recomeço
Hoje não posso jantar